Episódios: 12
Ano: 2011-2012
Estúdio: Production I.G.
Gêneros: Ação, Horror, Escolar,
Sobrenatural, Vampiros
Sinopse: Uma colegial pacífica durante o dia, temível assassina de
monstros pela noite, Saya Kisaragi leva uma vida dividida. Ela derrota todo
monstro que ousa ameaçar sua pacata aldeia, com uma espada cerimonial dada a
ela por seu pai para tarefas sagradas. Mas muito cedo, a realidade de Saya e
tudo o que acredita ser verdade fica em xeque quando ouve os monstros falarem
de uma aliança quebrada - algo sobre a qual ela não sabe nada. E então,
inesperadamente, um cão estranho aparece; ele pergunta a quem ela prometeu proteger
a aldeia, curioso sobre o que aconteceria se ela quebrasse essa promessa.
Atormentada por visões inexplicáveis e com seu mundo se desenredando ao seu
redor, viajamos com Saya através da sua luta para encontrar um caminho para a
verdade em uma aldeia onde nada é como parece.
Blood-C é um anime medíocre. Com
uma história muito mal contada, além de uma reviravolta esdrúxula que poderia
ter sido executada logo no começo da série, Blood-C deixa o espectador com um
sentimento de ter sido enganado ao longo de três meses de exibição. Um ponto
baixo nas cooperações da Clamp.
A história gasta vários episódios
mostrando a rotina de sua protagonista. A estudante canora e um tanto lerda
para compreender as coisas ao redor carrega um fardo essencial para a vila,
sendo a única proteção contra os “anciões”, monstros misteriosos com looks um tanto caricatos que se
alimentam dos aldeões. Isso ocorre num vilarejo em que logo de cara percebe-se
sua artificialidade. Essa premissa dicotomizada entre a vida pacata e a
carnificina se arrasta até os últimos episódios em que uma revelação
“bombástica” (e troll) passa longe da
necessária suspensão da descrença com esse tipo de ficção. O que posso dizer, sem
dar spoilers, é que em nenhum momento
seu enredo me convenceu a achar que tudo era sério. Pelo contrário, a sensação
foi a de que Blood-C é uma espécie de trágica paródia não intencionada do
gênero, com toda a sanguinolência exagerada de filmes de terror dos anos 1980 e
com uma caracterização que beira o ridículo.
A questão é que todo o enredo no
qual Blood-C se baseia é frágil para se desenvolver numa série de 12 episódios.
Isso porque o momento em que o anime termina é péssimo para o espectador,
principalmente pela fragilidade de sua premissa. Logo após a série da TV, foi
anunciado um filme em que se daria prosseguimento à saga de Saya. Se a intenção
era atrair o público para as salas de cinema, estou certo que o tiro saiu pela
culatra. Creio que teria sido melhor estender a série da TV para mais alguns
episódios, para evitar o gosto amargo que muitos sentiram ao seu término. Considerando
somente o filme, sua trama é eficiente como uma obra de ação. É o filme
clássico de busca por vingança, com um roteiro melhor escrito do que seu
antecessor da TV.
A caracterização é também um
aspecto pouco trabalhado em Blood-C. Saya é uma personagem com comportamento
compreensível dada a revelação no final do anime. Cantarola a mesma melodia com
letras diferentes, que pintam as cenas de sua rotina campestre e pacata. Sua
imaturidade irrita no começo da série e, até conhecermos sua causa, o nível de
simpatia por ela é mínimo. A Saya do filme é totalmente o oposto daquela da
série televisiva. Ela é fria, obstinada pela vingança e com cara de poucos
amigos. No final das contas, a personagem é um clichê barato de enegrecimento
de perfil que resulta na busca por retaliação.
Já os outros são tão risíveis
quanto sua relevância. A presença inútil das irmãs Motoe só se justifica pela
aparente necessidade da Clamp em ter gêmeos em suas obras. E o destino delas
foi uma grata surpresa para quem escreve este texto. O pai de Saya consegue nos
convencer da importância do trabalho de sua filha, mas também no final sua
verdade é digna de uma trolada broxante. As outras personagens da escola são o
que deveríamos esperar delas, mas isso novamente só soubemos ao término da
série.
O lado técnico de Blood-C é o seu
único ponto forte. A animação é de boa qualidade, principalmente nos momentos
de luta. A arte caracteriza-se pelo excessivo apelo gráfico ao gore, chegando a superar animes como
Elfen Lied nas cenas dos episódios finais, quando a vila se transforma num
açougue de carne humana. Os designs das
personagens são genéricos e compatíveis com sua proposta. O mais distinto nesse
campo é o cabelo de Saya, que parece ter sobrevivido a uma eletrocução, resultando
na solução de amarrá-lo com a mais alta pressão possível.
A abertura foi embalada pelo rock
da banda Dustz com “Spiral”. A banda apresenta um vocalista franco-japonês e a
canção é cantada em francês. Somente isso já é uma novidade, um anime com uma
abertura em idioma latino. Nos encerramentos, a experiente cantora e dubladora Nana
Mizuki, de vários álbuns e trabalhos em animes, canta “Junketsu Paradox”, um
pop-rock animado com muitas “orquestrações de teclado”.
Sendo uma típica história de heroína
das sombras na qual a protagonista vive uma vida dupla trucidando monstros e
cantarolando a caminho da escola, Blood-C não entrega nada mais do que sangue,
esquartejamentos e carne moída. Um roteiro troll
numa premissa fraca que apresenta personagens nada convincentes. Somente
recomendaria esta série àqueles sedentos pela violência gratuita de um
matadouro animado.
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