quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Blood-C - ResenhAnimes



Episódios: 12
Ano: 2011-2012
Estúdio: Production I.G.
Gêneros: Ação, Horror, Escolar, Sobrenatural, Vampiros


Sinopse: Uma colegial pacífica durante o dia, temível assassina de monstros pela noite, Saya Kisaragi leva uma vida dividida. Ela derrota todo monstro que ousa ameaçar sua pacata aldeia, com uma espada cerimonial dada a ela por seu pai para tarefas sagradas. Mas muito cedo, a realidade de Saya e tudo o que acredita ser verdade fica em xeque quando ouve os monstros falarem de uma aliança quebrada - algo sobre a qual ela não sabe nada. E então, inesperadamente, um cão estranho aparece; ele pergunta a quem ela prometeu proteger a aldeia, curioso sobre o que aconteceria se ela quebrasse essa promessa. Atormentada por visões inexplicáveis e com seu mundo se desenredando ao seu redor, viajamos com Saya através da sua luta para encontrar um caminho para a verdade em uma aldeia onde nada é como parece.



Blood-C é um anime medíocre. Com uma história muito mal contada, além de uma reviravolta esdrúxula que poderia ter sido executada logo no começo da série, Blood-C deixa o espectador com um sentimento de ter sido enganado ao longo de três meses de exibição. Um ponto baixo nas cooperações da Clamp.

A história gasta vários episódios mostrando a rotina de sua protagonista. A estudante canora e um tanto lerda para compreender as coisas ao redor carrega um fardo essencial para a vila, sendo a única proteção contra os “anciões”, monstros misteriosos com looks um tanto caricatos que se alimentam dos aldeões. Isso ocorre num vilarejo em que logo de cara percebe-se sua artificialidade. Essa premissa dicotomizada entre a vida pacata e a carnificina se arrasta até os últimos episódios em que uma revelação “bombástica” (e troll) passa longe da necessária suspensão da descrença com esse tipo de ficção. O que posso dizer, sem dar spoilers, é que em nenhum momento seu enredo me convenceu a achar que tudo era sério. Pelo contrário, a sensação foi a de que Blood-C é uma espécie de trágica paródia não intencionada do gênero, com toda a sanguinolência exagerada de filmes de terror dos anos 1980 e com uma caracterização que beira o ridículo.

A questão é que todo o enredo no qual Blood-C se baseia é frágil para se desenvolver numa série de 12 episódios. Isso porque o momento em que o anime termina é péssimo para o espectador, principalmente pela fragilidade de sua premissa. Logo após a série da TV, foi anunciado um filme em que se daria prosseguimento à saga de Saya. Se a intenção era atrair o público para as salas de cinema, estou certo que o tiro saiu pela culatra. Creio que teria sido melhor estender a série da TV para mais alguns episódios, para evitar o gosto amargo que muitos sentiram ao seu término. Considerando somente o filme, sua trama é eficiente como uma obra de ação. É o filme clássico de busca por vingança, com um roteiro melhor escrito do que seu antecessor da TV.

A caracterização é também um aspecto pouco trabalhado em Blood-C. Saya é uma personagem com comportamento compreensível dada a revelação no final do anime. Cantarola a mesma melodia com letras diferentes, que pintam as cenas de sua rotina campestre e pacata. Sua imaturidade irrita no começo da série e, até conhecermos sua causa, o nível de simpatia por ela é mínimo. A Saya do filme é totalmente o oposto daquela da série televisiva. Ela é fria, obstinada pela vingança e com cara de poucos amigos. No final das contas, a personagem é um clichê barato de enegrecimento de perfil que resulta na busca por retaliação.

Já os outros são tão risíveis quanto sua relevância. A presença inútil das irmãs Motoe só se justifica pela aparente necessidade da Clamp em ter gêmeos em suas obras. E o destino delas foi uma grata surpresa para quem escreve este texto. O pai de Saya consegue nos convencer da importância do trabalho de sua filha, mas também no final sua verdade é digna de uma trolada broxante. As outras personagens da escola são o que deveríamos esperar delas, mas isso novamente só soubemos ao término da série.

O lado técnico de Blood-C é o seu único ponto forte. A animação é de boa qualidade, principalmente nos momentos de luta. A arte caracteriza-se pelo excessivo apelo gráfico ao gore, chegando a superar animes como Elfen Lied nas cenas dos episódios finais, quando a vila se transforma num açougue de carne humana. Os designs das personagens são genéricos e compatíveis com sua proposta. O mais distinto nesse campo é o cabelo de Saya, que parece ter sobrevivido a uma eletrocução, resultando na solução de amarrá-lo com a mais alta pressão possível.

A abertura foi embalada pelo rock da banda Dustz com “Spiral”. A banda apresenta um vocalista franco-japonês e a canção é cantada em francês. Somente isso já é uma novidade, um anime com uma abertura em idioma latino. Nos encerramentos, a experiente cantora e dubladora Nana Mizuki, de vários álbuns e trabalhos em animes, canta “Junketsu Paradox”, um pop-rock animado com muitas “orquestrações de teclado”.

Sendo uma típica história de heroína das sombras na qual a protagonista vive uma vida dupla trucidando monstros e cantarolando a caminho da escola, Blood-C não entrega nada mais do que sangue, esquartejamentos e carne moída. Um roteiro troll numa premissa fraca que apresenta personagens nada convincentes. Somente recomendaria esta série àqueles sedentos pela violência gratuita de um matadouro animado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário