segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Ultraviolet: Code 044 - ResenhAnimes





Episódios: 12
Ano: 2008
Estúdio: Madhouse
Gêneros: Ação, Ficção Científica


Sinopse: 044 torna-se a mais forte soldada com excelência em combate através de manipulação genética usando um vírus. No entanto, em troca de suas habilidades, seus dias estão contados. A próxima missão do governo é destruir o esquadrão sanguinário Fogue e seu líder King. Em sua batalha, ela encontra um soldado fogue, Luka, e se vê incapaz de matá-lo. Ela se pergunta por que, mas, como resultado, Daxus Jr., o líder do governo, toma-a como traidora. Ela se torna alvo tanto de Fogue quanto do governo, e foge com o ferido Luka.



Ultraviolet: Code 044 é um anime baseado (bem de leve) em um filme homônimo de 2006, estrelado pela bela Milla Jovovich. Na trama original, num futurístico mundo tecnicizado, o clone de vida curta Violet salva um garoto da morte no qual acha ser o portador da cura para os fogues, denominação dada para os seres humanos infectados por um vírus que causa hematofagia. Todos os infectados vivem segregados e há planos do governo para o seu completo extermínio. O filme tem vários furos de roteiro, com uma história frágil e um foco maior nos efeitos especiais da ação grátis e comum de produções de baixo orçamento. 

O anime em questão tomou somente a ideia básica dos hematófagos e dos dois personagens principais, alterando toda a história original, o sítio da ação, e acrescentando novos personagens e tecnologias. E o resultado foi bem melhor que seu primo das telonas. Aqui, a trama ganha um desenvolvimento melhor, com ares mais dramáticos e até com um ensaio de romance. Com doze episódios, o roteiro se torna mais fluído, dando espaço para ambientação necessária em uma ficção científica, algo que o filme americano não conseguiu executar de forma minimamente satisfatória. 

Sempre me interessei por animes de ficção científica, pois é o gênero ideal para dar asas às ideias mais mirabolantes. Na ficção futurista, você precisa imaginar um determinado objeto/comportamento através da indução de como o presente se desenvolverá ao longo da história. Isso abre um universo imenso de possibilidades de construção de cenários políticos, comportamentais, tecnológicos e sociais. Sobre a ficção científica de Ultraviolet, os objetos já foram muito bem idealizados no filme, como o “telefone impresso”, roupas que mudam de cor, scanners sofisticados, gravitadores, compressão dimensional, etc. No anime, houve o acréscimo das viagens interplanetárias através passagens espaciais interdimensionais, além de inteligências artificiais que julgam o estado de espírito de seu interlocutor. Algo digno de nota é a “espada” que a protagonista utiliza durante toda a série, anulando armas de fogo em combate e deixando um Gatts de Berserk orgulhoso pela carnificina.

O romance que ocorre em Ultraviolet me pareceu superficial, da forma como foi estabelecido. É quase um improvável “amor à primeira vista”, no qual os sentimentos nascem praticamente do nada. Ocorrem juras de amor inverossímeis pelo pouco que os personagens interagiram até o momento. Nesse ponto, o filme é superior por manter o foco na ação e deixar de experimentar elementos que não combinariam com a proposta da história. 

044 é uma personagem que já desistiu da felicidade, amarga e soturna, que cumpre suas missões de forma perfeita e sem questionamentos. O encontro com Luke se torna a causa da reviravolta na vida de 044, fazendo-a questionar suas ações, ordenadas por Daxus II, um vilão que crê na completa submissão de sua agente. Este é um hábil chefe de operações que tem como objetivo principal o extermínio dos fogues. De maneira simplificada, podemos situar 044 e Luke como os desertores de suas agremiações, que se encontram no meio de uma guerra pela sobrevivência. Outro personagem importante para a trama é Sakuza, que leva 044 a criar certa conexão antes impensável.

O famoso estúdio Madhouse, responsável por grandes animações como Black Lagoon, Texhnolyze, Paprika, Monster, Death Note e Chihayafuru, cumpre bem seu papel aqui. Ultraviolet é uma animação regular, com um uso considerável de computação gráfica, que combina com sua temática futurista. Algo incomum é a utilização de quadros divididos, nos quais mostram a fisionomia de dois personagens enquanto um deles fala e o outro ouve. 

Eu sempre costumo pular a abertura de um anime depois de ver uma vez. Poucos foram os animes em que eu vi a abertura do primeiro ao último episódio, e sempre aconteceu unicamente pela qualidade da canção executada, não importando muito o que é mostrado na animação. Adiciono Ultraviolet a este restrito rol de séries que apreciei suas aberturas. A canção em questão é “Guilty Pleasure”, interpretada pela cantora Becca. Um rock intenso a la Alanis Morissette, com um refrão grudento e parte lírica que combina muito bem com 044. O encerramento também é dela, com o ritmo tristonho de “Falling Down”. Gostei da ideia de se usar o mesmo artista tanto na abertura quanto no encerramento.

Ultraviolet: Code 044 é um daqueles animes que servem a quem gosta de ação futurista sem muitos rodeios de roteiro e história. É simples o bastante para passar o tempo, sem a necessidade de estar com a mente ligada no desenvolvimento da trama. Infelizmente, este tipo de anime ocorre aos montes e talvez por isso Ultraviolet tenha caído no esquecimento em seu próprio gênero, e também em sua temporada de exibição. Mas é bom perceber que, no resultado final, o anime foi melhor executado que o filme no qual foi baseado.

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