Episódios: 12
Ano: 2008
Estúdio: Madhouse
Gêneros: Ação, Ficção Científica
Sinopse: 044 torna-se a mais forte soldada com excelência
em combate através de manipulação genética usando um vírus. No entanto, em
troca de suas habilidades, seus dias estão contados. A próxima missão do
governo é destruir o esquadrão sanguinário Fogue e seu líder King. Em sua
batalha, ela encontra um soldado fogue, Luka, e se vê incapaz de matá-lo. Ela
se pergunta por que, mas, como resultado, Daxus Jr., o líder do governo, toma-a
como traidora. Ela se torna alvo tanto de Fogue quanto do governo, e foge com o
ferido Luka.
Ultraviolet: Code 044 é um anime
baseado (bem de leve) em um filme homônimo de 2006, estrelado pela bela
Milla Jovovich. Na trama original, num futurístico mundo tecnicizado, o clone
de vida curta Violet salva um garoto da morte no qual acha ser o portador da
cura para os fogues, denominação dada para os seres humanos infectados por um vírus
que causa hematofagia. Todos os infectados vivem segregados e há planos do
governo para o seu completo extermínio. O filme tem vários furos de roteiro,
com uma história frágil e um foco maior nos efeitos especiais da ação grátis e
comum de produções de baixo orçamento.
O anime em questão tomou somente
a ideia básica dos hematófagos e dos dois personagens principais, alterando
toda a história original, o sítio da ação, e acrescentando novos personagens e tecnologias.
E o resultado foi bem melhor que seu primo das telonas. Aqui, a trama ganha um
desenvolvimento melhor, com ares mais dramáticos e até com um ensaio de
romance. Com doze episódios, o roteiro se torna mais fluído, dando espaço para
ambientação necessária em uma ficção científica, algo que o filme americano não
conseguiu executar de forma minimamente satisfatória.
Sempre me interessei por animes
de ficção científica, pois é o gênero ideal para dar asas às ideias mais
mirabolantes. Na ficção futurista, você precisa imaginar um determinado
objeto/comportamento através da indução de como o presente se desenvolverá ao
longo da história. Isso abre um universo imenso de possibilidades de construção
de cenários políticos, comportamentais, tecnológicos e sociais. Sobre a ficção científica
de Ultraviolet, os objetos já foram muito bem idealizados no filme, como o “telefone
impresso”, roupas que mudam de cor, scanners sofisticados, gravitadores,
compressão dimensional, etc. No anime, houve o acréscimo das viagens
interplanetárias através passagens espaciais interdimensionais, além de inteligências
artificiais que julgam o estado de espírito de seu interlocutor. Algo digno de
nota é a “espada” que a protagonista utiliza durante toda a série, anulando
armas de fogo em combate e deixando um Gatts de Berserk orgulhoso pela
carnificina.
O romance que ocorre em
Ultraviolet me pareceu superficial, da forma como foi estabelecido. É quase um
improvável “amor à primeira vista”, no qual os sentimentos nascem praticamente
do nada. Ocorrem juras de amor inverossímeis pelo pouco que os personagens
interagiram até o momento. Nesse ponto, o filme é superior por manter o foco na
ação e deixar de experimentar elementos que não combinariam com a proposta da
história.
044 é uma personagem que já desistiu
da felicidade, amarga e soturna, que cumpre suas missões de forma perfeita e
sem questionamentos. O encontro com Luke se torna a causa da reviravolta na
vida de 044, fazendo-a questionar suas ações, ordenadas por Daxus II, um vilão
que crê na completa submissão de sua agente. Este é um hábil chefe de operações
que tem como objetivo principal o extermínio dos fogues. De maneira
simplificada, podemos situar 044 e Luke como os desertores de suas agremiações,
que se encontram no meio de uma guerra pela sobrevivência. Outro personagem
importante para a trama é Sakuza, que leva 044 a criar certa conexão antes
impensável.
O famoso estúdio Madhouse,
responsável por grandes animações como Black Lagoon, Texhnolyze, Paprika,
Monster, Death Note e Chihayafuru, cumpre bem seu papel aqui. Ultraviolet é uma
animação regular, com um uso considerável de computação gráfica, que combina
com sua temática futurista. Algo incomum é a utilização de quadros divididos,
nos quais mostram a fisionomia de dois personagens enquanto um deles fala e o
outro ouve.
Eu sempre costumo pular a
abertura de um anime depois de ver uma vez. Poucos foram os animes em que eu vi
a abertura do primeiro ao último episódio, e sempre aconteceu unicamente pela
qualidade da canção executada, não importando muito o que é mostrado na
animação. Adiciono Ultraviolet a este restrito rol de séries que apreciei suas
aberturas. A canção em questão é “Guilty Pleasure”, interpretada pela cantora
Becca. Um rock intenso a la Alanis Morissette, com um refrão grudento e parte
lírica que combina muito bem com 044. O encerramento também é dela, com o ritmo
tristonho de “Falling Down”. Gostei da ideia de se usar o mesmo artista tanto
na abertura quanto no encerramento.
Ultraviolet: Code 044 é um
daqueles animes que servem a quem gosta de ação futurista sem muitos rodeios de
roteiro e história. É simples o bastante para passar o tempo, sem a necessidade
de estar com a mente ligada no desenvolvimento da trama. Infelizmente, este
tipo de anime ocorre aos montes e talvez por isso Ultraviolet tenha caído no
esquecimento em seu próprio gênero, e também em sua temporada de exibição. Mas
é bom perceber que, no resultado final, o anime foi melhor executado que o
filme no qual foi baseado.
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