Episódios: 39
Ano: 2004-2005
Estúdio: OLM
Gêneros: Histórico, Mistério
Sinopse: A jovem Mabel é filha de Raymond West, um escritor de
livros de mistério, que deseja uma vida normal para ela. Ao contrário disso,
Mabel quer ser uma grande detetive e parte rumo a Londres para se tornar
assistente de ninguém menos do que Hercule Poirot, o renomado detetive belga. Ela
finalmente ganha a aprovação relutante de seu pai e embarca em uma excitante
vida de mistério e suspense – seu pai só exige que, de vez em quando, ela passe
algum tempo com sua tia-avó, Jane Marple, na pequena vila de St. Mary Mead.
A escritora inglesa Agatha
Christie é detentora do maior recorde de livros vendidos, com uma marca descomunal
de mais de 4 bilhões de exemplares ao redor do mundo. Suas histórias estão
baseadas no gênero ficção policial, inaugurado por Edgar Allan Poe no século
XIX. Com dezenas de adaptações na TV e no cinema, só restava a transposição
para o mundo dos animes ser realizada.
A série animada tomou os dois
principais detetives dos livros com um novo personagem para fazer a conexão
entre eles. Poirot e Marple nunca se encontraram em nenhum livro e isso seria
um problema no caso de uma adaptação em que os dois fossem retratados. Para
isso existe Mabel West, uma parente de Marple que emprega-se como assistente de
Poirot, estabelecendo a consciência da existência de um pelo outro, mas nunca
se encontrando pessoalmente. Adaptando
grandes sucessos da escritora, como Os
crimes ABC, Morte nas Nuvens e 4:50 de Paddington, entre outros, todas as
histórias compactaram-se no espaço de 1 a 4 episódios, com Poirot e Marple
intercalando suas investigações, facilitadas devidamente por Mabel.
Ficções provenientes de mídia
escrita necessitam de certos ajustes para funcionar satisfatoriamente numa
produção audiovisual. No caso do gênero policial, o fato de uma imagem valer
mais que mil palavras é, negativamente falando, essencial. Deve-se tomar o
maior cuidado para não entregar de mão beijada a solução do mistério e, ao
mesmo tempo, fornecer os dados necessários para sua (re)solução. Esse problema,
felizmente, não ocorre nas histórias de Agatha Christie's Great Detectives
Poirot and Marple: é praticamente impossível descobrir quem é o culpado (para
quem não conhece de antemão a história, obviamente). Porém, os clímax não
chegam nem perto daqueles proporcionados pelos livros, certamente pela diferença
entre os formatos. Acrescenta-se a isso uma condução mais leve e quase infantil,
claramente voltada a obter classificação livre para todas as idades.
Imputo os maiores pontos
negativos da série em seus personagens. A caracterização de Mabel é falha, pois
não torna compreensível o motivo de sua rabugice. O desejo de se juntar à
equipe de Poirot soou rasa da forma como foi desenvolvida, confirmando ainda
mais como sua existência é meramente um recurso de roteiro. Soma-se a isso o
fato da sua participação ser totalmente secundária na resolução dos mistérios.
Aliado a Mabel, está o pato
Oliver. Sim, um patinho. Ele a acompanha em todos os lugares visitados, encontrando
pistas, comunicando-se (muito bem, por sinal) com sua dona e aprontando altas
confusões, diria o narrador da sessão da tarde. Pergunto-me por que não um
cachorro, um gato, um coelho, ou mesmo um papagaio para cumprir a mesma função.
É inimaginável ver um pato seguindo uma adolescente a todos os lugares, inclusive
naqueles mais elegantes, em uma época em que as etiquetas sociais seriam um
claro empecilho para a circulação do querido Oliver.
O inspetor Japp aparece aqui de
forma mais amigável do que nos livros. É o braço direito de Poirot dentro da Scotland Yard, e Poirot é o seu braço
direito fora dela. Ele aparece em todas as histórias, mesmo naquelas em que originalmente
não compunha o cast. Esse é o mesmo
caso de seu fiel companheiro, Arthur Hastings. Do lado de Marple, é comum a
ajuda do inspetor Sharpe e das velhinhas de St. Mary Mead.
Agatha Christie's Great
Detectives Poirot and Marple é uma série retratada na Inglaterra das décadas de 20
e 30. Por esse motivo, sua arte é totalmente diferente do usual japonês. Não
estão presentes cabelos com cores bizarras ou olhos maiores que boca e nariz
juntos. Os designs são sóbrios e
genéricos. Exceto os personagens principais, é impossível distinguir de qual
história pertence cada um deles. Apesar de se tratarem de crimes como furtos, sequestros
e assassinatos com serial killers,
nada é graficamente ofensivo, objetivando, como dito anteriormente,
classificação etária livre.
O trabalho de dublagem é muito
bom. Poirot recebeu uma voz condizente com o perfil traçado nos livros, competindo
com a lenda David Suchet em suas já clássicas expressões afrancesadas (oui!). Marple também é interpretada magistralmente
pela sua dubladora com voz de vovó do interior. As trilhas sonoras são em geral
alegres, com poucas delas gerando a tensão necessária nos momentos cruciais. Abertura
e encerramento ficaram por conta de Tatsurou Yamashita. com "Lucky Girl ni
Hanataba wo” e “Wasurenaide”, respectivamente. As duas canções são baseadas no pop tune japonês (Kayōkyoku).
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