quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Requiem from the Darkness - ResenhAnimes


Episódios: 13
Ano: 2003
Estúdio: TMS Entertainment
Gêneros: Fantasia, Histórico, Horror, Mistério, Psicológico, Sobrenatural


Sinopse: Cansado de escrever enigmas para crianças, Yamaoka Momosuke planeja reunir histórias horríveis e assustadoras para publicá-las em uma antologia chamada Hyakumonogatari ("100 Contos"). Enquanto pesquisa velhos mitos e lendas, ele se depara com um misterioso trio que se autodenomina Ongyou. Eles são detetives que investigam as lendas para revelar suas verdades... e levar aqueles que estão pecando à justiça. Cada vez que Momosuke encontra o Ongyou, ele enfrenta horríveis verdades e lutas com a sua própria moral, mas ele vê coisas que não deveria estar vendo...



Como um grande fã da cultura japonesa em geral, eu sempre apreciei animes que trazem o folclore japonês para a temática da obra. Obras como Blue Literature, xxxHolic e Mouryou no Hako estão entre os meus animes preferidos. Com Requiem from the Darkness, essa expectativa se frustrou por causa da forma como a condução das histórias foi realizada.

Também conhecido como “Kyougoku Natsuhiko: Kousetsu Hyaku Monogatari”, a série é uma típica fantasia sobrenatural com nuances de horror. Acompanha um “sensei” (professor) que, desejando escrever uma antologia sobre contos de terror, acaba se deparando com um trio sobrenatural que “julga” aqueles que ainda não pagaram por seus crimes. Com essa premissa, o anime se desenvolve quase que episodicamente, com o trio Ongyou resolvendo os casos ao mesmo tempo em que o professor Momosuke os acompanha pela trilha da escuridão que há em cada personagem pecador.

O mundo de Requiem from the Darkness é o Japão agrário do período Edo, permeado por assassinatos, estupros, latrocínios e todo um cabedal de lendas de monstros e superstições associadas à cultura nipônica. O anime usa esse enredo fantástico como amálgama para a abordagem do lado mais sombrio humano.

Como dito anteriormente, a condução das histórias é falha, pois ela não ambienta de forma satisfatória o terreno no qual o espectador se adentrará ao longo do episódio. Em muitos deles, toda a lenda e/ou superstição em questão é vomitada em meros 1 ou 2 minutos expositivos, não abrindo a possibilidade para digerir a trama aos poucos, imergindo melhor na história. Se você não prestar “bastante” atenção no início do episódio, ficará boiando pelo resto dele. Esse problema também vai de encontro ao fato de que o próprio desenrolar de cada episódio é transcorrido de forma excessivamente célere. Muitas histórias seriam bem desenvolvidas com 2 ou 3 episódios.

Momosuke é unilateral, um jovem sensei com a melhor das intenções que sofre pelo destino do Ongyou e daqueles afetados pelos casos de cada episódio. Os membros do Ongyou parecem ser conscientes das ações ingratas que precisam executar e da necessidade de repelir Momosuke do caminho sombrio no qual se encontram presos. Do outro lado, os personagens secundários são mais interessantes que os principais: Requiem from the Darkness não poupa o espectador em mergulhar nas suas emoções confusas, contraditórias, violentas e, principalmente, humanas.

O mais distinto em Requiem from the Darkness é a arte e a trilha sonora. O estilo da série lembra bastante quadrinhos de comics books ocidentais antigos, com uma coloração idêntica aos clássicos de super-heróis. Parece que uma “revista em quadrinhos animada” está aberta no televisor, tamanha é a semelhança com esse tipo de mídia. A animação pode parecer um tanto tosca, mas combina com uma obra que não deseja fincar os pés no realismo e, sim, viajar pelo ideário das lendas e do sobrenatural.

Ah, as músicas... Desde que comecei a acompanhar animes, nunca vi abertura e encerramento com canções de nível tão alto como em Requiem from the Darkness. E tão singular também. Keiko Lee canta dois jazz com sua voz grave e quase masculina que, na minha opinião, encaixaram perfeitamente no tom do anime. “Flame” e “The Moment of Love” são obras-primas que, sinceramente, talvez foram mal aproveitadas para uma série de nível somente regular como Requiem from the Darkness. Por outro lado, a dublagem e os efeitos sonoros são comuns e passáveis.

Requiem from the Darkness é um anime que pecou na sua condução por não contar com um ritmo necessário ao estilo proposto. É um entretenimento mediano, voltado aos admiradores do horror lendário japonês, com caracterizações insuficientes nas figuras de seus personagens principais, mas com boas ideias sobre facetas sombrias que o ser humano pode abraçar na realização de seus mais íntimos desejos.

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