quinta-feira, 10 de novembro de 2016

City Hunter - ResenhAnimes


Episódios: 140
Ano: 1987-1991
Estúdio: Sunrise
Gêneros: Ação, Comédia, Mistério, Shonen


Sinopse: Ryo Saeba trabalha nas ruas de Tóquio como City Hunter. Ele é um "sweeper" e com sua ajudante Kaori Makimura, mantém a cidade “limpa”. As pessoas contratam City Hunter para resolver seus problemas perigosos, o que ele faz com uma Colt Python. Ryo fica dando em cima das mulheres quando não está trabalhando em algum caso, e Kaori deve mantê-lo na linha com seu fiel martelo de 10 kg.



City Hunter é um clássico dos anos 80 que infelizmente nunca chegou na televisão brasileira. E é parcialmente compreensível o motivo. Seu protagonista é aficionado pelo sexo oposto, não raro roubando calcinhas de mulheres e bolinando suas partes íntimas, algo impensável para se transmitir nas manhãs infantis dos gloriosos anos 90. Mesmo assim, é um grande anime de comédia e ação que merecia maior atenção.

O anime é dividido em quatro temporadas ao longo de cinco anos, com dois filmes e um OVA. Estes mantém a qualidade da série da TV, sendo histórias paralelas. Após o término do anime, houve 3 especiais para a TV, em 1995, 1997 e 1999. O especial de 1997 (Goodbye My Sweetheart) é uma clara referência ao filme “Velocidade Máxima”, de 1994. Exceto alguns raros arcos de 2 e 3 episódios, os casos se completam em um único deles.

Os temas são variados: proteção de testemunhas, solução de sequestros, captura de criminosos, problemas de natureza pessoal, etc. A personagem do episódio vê um anúncio dos trabalhos de City Hunter na estação de metrô de Shinjuku, ou informa-se através de alguém que conheça Saeba, e solicita sua ajuda. Apesar de Saeba financeiramente viver disso, em nenhum momento foi mostrado em tela (salvo minha memória ruim) o devido lucro monetário de seus trabalhos. Os lucros que ele aufere são as paqueradas com suas lindas clientes, isso quando não aparece sua parceira Kaori para melar a situação. São raros os momentos mais sérios em City Hunter. Eles costumam ocorrer somente nos finais das temporadas. Por incrível que pareça, todos os casos possuem tramas bem originais ao longo de 140 episódios.

O que diferencia City Hunter dos ecchis de nossa geração é que estes são feitos tendo o próprio fanservice como objetivo final. Fanservice é o prato principal e a comédia é secundária. Criam-se situações absurdas para mostrar peitos e calcinhas, independentemente do suposto perfil da personagem. Em City Hunter, as situações não são fanservice porque tudo mostrado funciona em prol da comédia e da caracterização do protagonista. Portanto, não considero City Hunter um anime ecchi, salvo se extrair o significado atual do gênero.

Ryo Saeba é uma espécie de detetive particular que age no submundo. Conhece os caminhos, as personalidades dos bandidos e as melhores soluções. Ele possui dois lados opostos. A maior parte do tempo é o palhaço pervertido viciado em calcinhas; porém, quando a situação assim exige, ele se torna o homem sério e focado no bem do seu cliente. Do outro lado está Kaori. Eu entendo que é uma personagem importante para o funcionamento do enredo. Mas ela é uma das personagens que mais desenvolvi antipatia ao longo dos animes da minha vida. O papel que ela desempenha é o da mulher castradora do homem que não possui nenhum compromisso amoroso com ela. Até seu visual é o de uma mulher masculinizada desinteressante, em termos estéticos, obviamente. É certo que ela gosta dele, mas em nenhum momento houve algo além do “amor amigo” entre os dois (essa situação muda no spin-off Angel Heart, mas é assunto para a resenha correspondente).

Os personagens secundários também são bem aproveitados. Saeko Nogami é a detetive da polícia local que sempre seduz Saeba com a finalidade de repassar seus próprios trabalhos, prometendo noites de sedução, mas sempre deixando Saeba na mão, literalmente. Umibozu, outro sweeper tão bom quanto Saeba, é um concorrente de profissão que se torna alvo de piadas pelo seu estilo desajeitado. Fato é que a interação entre as personagens é o ponto forte gerador da comédia do anime. Contudo, em contrapartida, não há desenvolvimento algum de caráter ao longo da série: eles começam e terminam da mesma forma. Essa constatação não se constitui um problema sério, caso considere-se a proposta da obra, sua natureza episódica e o estilo dos animes dos anos 80.

O estúdio Sunrise, responsável por Gundam, Samurai Warriors, Planetes e Witch Hunter Robin, para citar alguns, realizou um trabalho excelente na arte. A animação é fluída, bem detalhada e com um estilo preciso de desenho. Vide os closes do ambiente urbano de Shinjuku. É estranho dizer que uma personagem (ou seja, um desenho) é “bonita”, mas os designs de várias personagens femininas criaram uma sensação autêntica de genuína beleza em mim. City Hunter tem uma animação que rivaliza com os animes de sua época e até mesmo com muitos da atualidade.

Soma-se à arte sua trilha sonora maravilhosa. Repleto de canções de rock/pop japonês que denotam o clima festeiro dos anos 80. Exemplos como “Go Go Heaven” de Toshiyuki Ohsawa, “Sara” de Fence of Defence, “Running to Horizon” de Tetsuya Komura e “Get Wild” do TM Network (música que escutava em todos os episódios) compõem um rol riquíssimo de aberturas e encerramentos soberbos em qualidade sonora. Não obstante tudo isso, atuações de Akira Kamiya na voz de Saeba e Kazue Ikura na de Kaori são indispensáveis caso se queira reviver a série novamente.


City Hunter é um ótimo anime de comédia. As gags são muito inteligentes e ainda não estão datadas. Há muitas cenas nonsense, típicas de animes nada comprometidos com a física real. Cenas como as do martelo de Kaori e as quedas de Saeba da janela do seu apartamento dão um ar mais descompromissado à obra, quase beirando o pastelão. Pedida certa para quem aprecia os clássicos de comédia dos anos 80.

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